segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Over The Rainbow" ...além do arco-íris

 (Obs: se possível, leia esse relato ouvindo essa canção que dá tema ao Título).


'OVER THE RAINBOW' (Além do arco-íris)



Quando agente fica muito tempo sem se alimentar , duas coisas acontecem facilmente: mudam os humores, a percepção das coisas fica comprometida, a ansiedade pode tomar conta e isso tudo sem que percebamos. A não ser que você esteja muito consciente do seu estado e se ele é proposital. Mas ás vezes é falta de tempo mesmo ou de coragem pra fazer o que é certo, ou seja, se alimentar.   Quando falo sobre nos alimentármos isso compõe outras esferas que não sejam apenas o corpo,mas a alma, o espírito, áreas menos densas. Ontem eu alimentei bem o corpo, mas mais uma vez tive preguiça de fazer minhas orações (confesso). E para sermos vitoriosos é preciso um pouco mais de disciplina nos campos superiores.  Tive mil planos para aquele domingo: ir ao cinema,realizar alguns trabalhos de encomenda em casa, etc e até iniciei, só não imaginei que isso tomaria todo o meu dia!  Entre uma parada e outra pra fazer coisas extras não tão importantes e que tiram o fóco de sua visão. 
 Recitar o NA-MI-O-HO-REN-GUE-KYÓ  (Mantra Budista)  pode parecer bonitinho, mas exige que você ás vezes convença  uma natureza  que nem sempre quer se dobrar e esse é o lado negativo da coisa. Lembra quando você era criança? Sua mãe colocava aquela comida na mesa,depois de um árduo momento de labuta na cozinha e  você não queria sair da frente da tv, do entretenimento que "alimentava" suas esferas superiores com" batata frita e muito doce", digo, com tudo o que não é saudável,pois o que você precisa mesmo é de alimentos corretos em seu devido tempo que sejam reconhecidos pelo seu organismo , numa educação não apenas de nutrientes ,mas respeitando o tempo e a qualidade do que entra em seu sistema. O fato é que esquecemos de alimentar nosso espírito, nossa alma... ficam com fome e daí vem a "anemia" e o as instabilidades dessa área.  Enquanto eu desenhava em casa para um amigo que vai se casar, resolví  ouvir  a canção "Over the Rainbow" pela voz da Judy Garland ,e em seguida por todas as pessoas possíveis que ja cantaram essa canção... percebí que quando eu abrí a página do orkut ví a palavra "luto" na Página particular de uma ex professora do primário e lá ví que ela comemorou singelamente o aniversário do filho que se foi com uma mesa de chás e biscoito e alguns discretos cartazes de saudades na parede.  Eu me emocionei ao ver a fotografia e isso tudo embalado ao som das canções que eu havia posto e que se repetiam em vozes diferentes, depois ví outra cena , dessa vez no youtube,um homem obeso, muito obeso mesmo, com um cabelo comprido, cantando "over the Rainbow" com um vilãozinho que mais parecia um cavaquinho. Percebí que ele era havaiano e tinha uma linda voz... as imagens eram lindas e tocantes, ele amava a vida, mas ja havia partido, logo depois uma homenagem para ele no mar onde se fazia uma festa dentro das águas e lá naquele barco, num dia de sol, foram depositadas  suas cinzas ao som de aplausos e grande ovação. Neste meio tempo eu conversei com uma pessoa no msn e não nos entendemos, porque ele quis negar um fato engraçado e curioso do passado, e quis me fazer passar por mentiroso e ainda me deu um prévio "boa noite", eu que ja não tinha alimentado minha alma,  sugerí  a ele  remédios de memória e terapia e em seguida, ambos nos excluímos de nossas páginas. O que aconteceu são situações típicas de quando algo não está bem. Eu poderia ter compreendido que a lembrança não era bem vinda a ele e respeitado isso, mas o meu ego saltou na frente e não quis ficar por baixo e assim a 'árvore se partiu'.  Depois de altas horas da madrugada eu fui dormir e deixei o som ligado com as mesmas canções tocando , como numa ciranda, uma atras da outra, bem baixinho. Foi então que me desligando daqui  tive um sonho. Estava numa festa chata ,enfadonha, num bar temático, sem muitos conhecidos,mas elegante e de repente resolví desenhar uma mulher de cabelos curtos que havia pegado uma  mesma barca comigo e tivemos dificuldade em pegar aquela condução, mas não havíamos nos falado por lá.  Ela sentou-se perto do balcão onde eu estava e eu pedí a atendente que me desse caneta e papel e  presenteei a moça com o desenho, e então ela aparecia tão linda no desenho e seu olhar era revelador de um espírito de luz. A caneta que eu usei era uma só mas no papel se variava em muitas cores, de repente, começou a juntar outras pessoas para ver o desenho sobre o balcão e ela estava feliz ,mas ja com um pouco de pressa, e muitos fotógrafos apareceram e pediram que posássemos para eles com o desenho e a modelo . quando então alguem pergunta:  "quanto é?"  Eu iria dizer que era um valor simbólico e a dona do desenho diz prontamente: "São R$ 200,00"   Até eu me surpreendí, pois ela ja apanhava a bolsa preta de couro pra deixar uma contribuição "simbólica" como essa e depois de se despedir saiu dalí para um outro compromisso, levando seu desenho, toda orgulhosa do ocorrido.  E eu tambem estava feliz. Apenas o melhor fotógrafo permaneceu na festa e alí ficamos  trocando elogios de nossas profissões e assim eu acordei pensando em qual seria o significado desse sonho e cheguei a conclusão de que  tráta-se de valorização pessoal, e que estou mesmo nesse caminho, por mais que eu não perceba, isso ja ocorre com naturalidade, pois de alguma forma eu escolhí o caminho da evolução e mesmo com oscilações ele segue uma linha constante, sem volta,porque  só é possível dar passos para frente. A mensagem vai se traduzindo cada vez mais: esqueça o passado e siga adiante rumo á sua evolução e revolução pessoal.  Agora que acordei do sonho, saí da cama direto para o coputador que ainda emitia os sons de "Over the Rainbow" e sem pestanejar eu me pus a escrever esse relato e dessa vez com uma consciência mais aguçada e cada vez mas desperta de que  todo cuidado é preciso com nossa natureza interior,  pois ha uma briga no caminho da evolução,cada um puxa para um lado e assim gera a luz, como o atrito das pedras, como a força das águas que geram energia , como tudo , tudo mesmo nos dá lições claras de que nada é de graça e que temos que fazer nossa parte para merecermos, como por exemplo, a paciência que você está tendo pra ler esse relato tão extenso  e que eu te agradeço por isso. rsrs...
Finalizo dizendo que "além do arco-íris" podemos estar perdidos aguardando um pouco de auto atenção e de sermos alimentados pela única pessoa que pode nos propiciar isso: nós mesmos.    Estar "além do arco-íris" pode ser bonitinho e romântico, mas não fique por lá por muito tempo e muito menos  "com fome" , para não se perder, e saber se defender dos perigos de um paraíso. Ore mais e tenha um tempinho pra se olhar de frente antes de ganhar o mundo exterior,pois só se ganha realmente este quando ja ganhamos o nosso mundo interior primeiro,  que é onde tudo deve começar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A calça Jeans emprestada

Ha uns dois anos atras , mais ou menos, eu fui contratado por uma empresa  de telefonia celular  para trabalhar como  caricaturista de um evento  do dia dos namorados . Eu havia dito ao pessoal da empresa que o número de horas a serem trabalhadas era insuficiente, pois (modéstia a parte), existe muito assédio pelos desenhos que faço nos eventos.  Eu avisei tambem que depois do fim do meu horário de trabalho á tarde eu teria que ir pra um outro evento e o novo contratante, pai do garoto aniversariante, veio me buscar de carro. Díga-se de passagem , um carro bonito e muito confortável. Não haveria mesmo nenhum  modo de que eu chegasse áquele próximo evento naquela distância e eu não dirijo. Por isso combinei com meu segundo contratante que ele me apanhasse de carro.  Chegando no local, percebí que era um condomínio de luxo. A festa estava bombando, e imediatamente comecei o meu ofício que certamente seria pela madrugada á dentro.  Final de festa, como eu esperava, foi um sucesso, mas eu estava exausto e minha roupa ficou toda suja de tinta, felizmente era facilmente removida com sabão em pó , mas só depois de lavada.  Eu conversei ainda de madrugada, após a festa, com aquela doce senhora, mãe do meu contratante, que gentilmente preparou um pequeno quarto onde eu pusesse repousar. A conversa com ela foi muito amistosa, como se eu reconhecesse uma velha tia, alguem com a docilidade da dona Benta do Sítio do Pica-pau-amarelo. Na conversa eu contei sobre minha tragetória como desenhista, como me mantinha, as dificuldades do passado para um reconhecimento do trabalho, tambem contei algumas histórias pessoais de família,muito emotivas, coisas que nos colocaram em plena identificação e dalí nascia uma amizade entre uma 'tia'adotada e um 'sobrinho' postiço. Me sentí grato aos céus por ter conhecido aquela alma com quem tanto me identifiquei. 
Pela manhã fui surpreendido por um telefonema da primeira empresa contratante pedindo urgentemente que eu considerasse mais horas de trabalho, pois o publico ja havia feito uma lista de espera aguardando a minha volta para desenhar no dia seguinte. Eu tinha que sair ás pressas e pegar um taxi, mas a "tia" ja estava de pé , bem cedo e me ofereceu um café e me questionou como eu poderia trabalhar com a roupa suja de tinta e foi logo me oferecendo tres calças do filho dela, para eu escolher, de modo que seriam emprestadas. Eram caças simples, jeans, mas só uma me coube bem e ficou com uma estética muito boa.  Prometí devolver.
Naqueles dias eu fui contratado seguidamente para outros eventos e quando cheguei em casa não havia lavado ainda a roupa suja. o jeito foi usar a mesma calça que me coube tão bem.  O outro evento foi numa festa junina num famoso shopping da Zona Sul do Rio de janeiro. Lá tambem foi um turbilhão de gente. Eu cheguei a pensar que ficaria muito constragido se o dono da roupa me visse por aí usando ainda sua calça. Meu pensamento parece até que foi ouvindo por um gênio da lâmpada, pois de repente me esbarrei com todos eles da família que vinham caminhando pelas ruelas e barraquinhas juninas do local. Minha reação foi
abraçar a todos e cumprimentá-los como se nada tivesse acontecido. Eu estava muito sem graça ,pois estava ainda usando a calça jeans meio surrada. Expliquei que ainda não havia tido muito tempo para fazer a devolução da peça. e fui logo me despedindo e prometendo entrar em contato tão logo fosse possível.  E fiz mesmo. Mas sempre nos desencontráva-mos por causa dos horários dele ou dos meus. Por fim nos achamos ,mas eu estava trabalhando (desenhando) num outro evento num prédio  onde ele ficou a esperar por alguns instantes  na portaria e uma funcionária da empresa foi até o carro dele levar a calça jeans que a mãe dele me emprestou  com tanto carinho, mas que pertencia a ele.  Nos primeiros contatos que eu havia feito com este moço ele era meu fã e prometia desenvolvermos nossa amizade, mas algo acabou com tudo: ele tinha apêgo por aquela calça e por causa de um mal entendido ele se distanciou. Acredito que ele havia pensado que eu me apoderaria indevidamente, mas eu ja havia lavado  e estava pronta pra ser entregue e foi. Eu agradecí ,mas com o coração apertado. Eu tinha certeza de que ele fechara a porta alí e por ciúme de sua mãe e de sua calça ele nunca mais apareceu. Aquela família era muito amiga e tinha valores muito nobres,mas por causa do apêgo de alguem  uma porta de amizades múltiplas foi fechada. Um dia,  bem certo estou de que o amor não encontrou caminhos sublimes porque não se curvou ás dimensões densas dos apegos materiais. Muitos só acordarão quando tentarem agarrar seus bens e seu corpo, assim como uma calça jeans emprestada, ja não estiver mais disponível. Mas a calça voltou para o seu dono, e nós um dia voltaremos  para algum lugar,depois que devolvermos a vestimenta que cobre nosso valor mais precioso, nosso espírito.